Jorge Talixa
APA levanta auto à fábrica da Sugal no caso da Vala Nova
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) levantou um auto de notícia ao Grupo Sugal por “incumprimentos” detectados nas águas residuais da fábrica de transformação de tomate de Benavente (antiga Idal). A empresa alega que ainda não foi notificada do auto de notícia e que não conhece os resultados das análises promovidas pela APA e sublinha que só depois de os conhecer tomará posição sobre os mesmos.
De qualquer forma, a Sugal mostra-se disponível para colaborar com as entidades competentes e garante que já tomou algumas medidas. Em causa estão os problemas de poluição da Vala Nova de Benavente, que se acentuaram a partir de 10 de Agosto, com águas negras e de aspecto oleoso, situação que gera também maus cheiros e terá originado a morte de uma quantidade significativa de peixe.
Moradores, autarcas e técnicos de ambiente da Câmara benaventense afirmaram, entretanto, que esta poluição só poderia estar relacionada com a vizinha fábrica da Sugal-Idal, única unidade industrial relevante da região.
A APA sustenta, agora, que a avaliação dos resultados das múltiplas análises efectuadas a amostras recolhidas na Vala Nova e no canal de despejos da fábrica “evidenciam incumprimentos, por comparação com os Valores Limite de Emissão (VLE) previstos nas condições de descarga” de efluentes da fábrica.
Já o Grupo Sugal sublinha que o tempo especialmente seco pode ter contribuído para alguma situação eventualmente ocorrida na Vala Nova. “A unidade de tratamento a funcionar poderá, face a situações imprevistas, ter tido desvios pontuais, alguns dos quais previstos na regulação aplicável.
Os parâmetros agora medidos encontram-se dentro dos valores regulamentados, designadamente, no que respeita aos sólidos suspensos”, acrescenta a Sugal, vincando, que “face ao eventual incidente” procedeu, “de imediato”, à tomada de medidas, nomeadamente, a aferição da gestão da ETAR e controlo detalhado e permanente.
“É preciso ter em conta que esta situação (ocorrida na Vala Nova) coincidiu com um período de calor extremo verificada nos meses de julho e agosto, a seca severa que se verificou desde a Primavera (ausência de chuva desde março)”, refere a empresa, acrescentando que em Agosto se verificou, igualmente, “uma maré viva, que aportou águas ‘nem sempre limpas’ e salobras à Vala Nova, seguindo-se um longo período em que não houve renovação da água, levando a um efeito conhecido como ’valas mortas’”.
Nesse sentido, a Sugal considera que “estes fenómenos de elevado calor conjugado com a falta de renovação de água, presença de matéria orgânica histórica podem, por si só, criar ou agravar situações de degradação da água. Por outro lado, a situação de calor extremo vivida nos meses de julho e agosto contribuiu para uma degradação do tomate recebido na fábrica, originando um aumento da carga orgânica a tratar pela ETAR.
Podem ter existido desvios pontuais em alguns parâmetros das águas descarregadas, potencialmente devidos a esta situação”, admite a empresa, defendendo, contudo, que, de acordo com especialistas e académicos independentes, “não pode ser feita uma relação direta entre estes desvios com a situação verificada na Vala Nova”, que “pode ser resultante de diversos fatores”, conclui.
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