Jorge Talixa
Sobrelotação dos transportes preocupa eleitos

A oferta de transportes públicos está longe de corresponder às necessidades e, em zonas de maior densidade populacional, como é o caso do sul do concelho de Vila Franca de Xira, dificilmente são cumpridas as normas de distanciamento e os limites de lotação.
Eleitos locais têm alertado sucessivamente para o problema, a Área Metropolitana de Lisboa garante que a oferta vai subir para 90 por cento do habitual, mas a preocupação mantém-se. Carruagens cheias e autocarros a abarrotar são a realidade mais comum na região envolvente de Lisboa, sobretudo nas chamadas horas de ponta.
A oferta reduziu-se com a pandemia, as operadoras argumentaram com a quebra da procura, mas o certo é que, depois do desconfinamento, a oferta continua muito abaixo das necessidades e obriga milhares e pessoas a viajarem sem as devidas condições e precauções.
Depois de sucessivos alertas de autarcas e de agentes de saúde pública, a Área Metropolitana de Lisboa (autoridade regional de transportes) diz que a oferta aumenta, a partir desta semana, em cerca de 90 por cento, mas a preocupação mantém-se.
Rui Valadas, eleito do CDS-PP, quis saber, na sessão de 26 de Junho da Assembleia de Freguesia de Alverca e Sobralinho, se a Junta tem alguma informação sobre o evoluir da situação e se tem procurado actuar junto das entidades responsáveis.
“A CDU não se pode colocar à margem desta responsabilidade”, vincou, alertando para a “lotação exagerada” com que estão a circular muitos transportes públicos. Carlos Gonçalves, presidente da Junta de Alverca e Sobralinho, observou que já colocou diversas vezes às operadoras Rodoviária de Lisboa e Boa Viagem a necessidade de reforçarem a oferta na área da União de Freguesias.
“Num primeiro momento argumentaram que a oferta estava a ser renegociada e, depois, que só depois da conclusão do novo concurso é que poderiam melhorar a oferta. Já nesta fase da covid voltámos a manifestar a nossa insatisfação com a redução drástica de circulações, sobretudo no Sobralinho, que é a localidade com mais problemas, assim como o Bom Sucesso e Arcena.
Há carreiras com duas horas de intervalo, o que leva à aglomeração de pessoas. A resposta que recebemos é que estão a renegociar com o Governo, mas continuamos a insistir”, afiançou Carlos Gonçalves. Também na Câmara de Vila Franca de Xira o assunto tem sido frequentemente abordado.
“A situação tende a ficar mais grave com o agravamento da pandemia na Região de Lisboa e Vale do Tejo. A supressão de várias carreiras e horários tem consequências sérias na propagação da vaga pandémica.
A Câmara tem que continuar a intervir”, defende Nuno Libório, vereador da CDU, vincando que a carreira que liga o Bom Retiro e Vila Franca ao Hospital “é dos percursos mais concorridos e as pessoas viajam como autênticas sardinhas em lata”.
De acordo com eleito da CDU há, também, muitos problemas com a carreira 345, que liga Arcena a Alverca. “A Câmara deve reclamar junto do Governo e continuar a exigir, juntamente com a AML, a melhoria da oferta de transportes”, acrescentou Nuno Libório.
Alberto Mesquita, presidente da Câmara vila-franquense, lembrou que muitas destas questões foram colocadas na sessão extraordinária de 26 de Maio da Assembleia Municipal. “Muitos operadores não estão a desenvolver o trabalho para o qual estão a ser pagos.
Num determinado contexto tivemos problemas graves de não haver procura. Mas espero que a breve trecho a situação vá melhorar e os operadores não têm razão para terem trabalhadores em lay-off e para não fazerem o trabalho que devem fazer”, constatou o autarca do PS.
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