Ministério Público vai investigar Avipronto
O Ministério Público abriu um inquérito à empresa Avipronto para averiguar se teve um comportamento adequado quando tomou conhecimento dos primeiros casos de infecção em trabalhadores da sua unidade de Azambuja. O processo foi aberto na sequência de uma denuncia da GNR. A Avipronto, recorde-se, foi a empresa mais atingida pela pandemia da Covid-19 no eixo Carregado-Azambuja.
Pelo menos 129 dos seus cerca de 350 funcionários tiveram testes positivos. A laboração da empresa foi suspensa pela Direcção-Geral de Saúde para acções de despistagem e de desinfecção e foi retomada no dia 11. Nos últimos dias, a empresa iniciou uma segunda fase de testes aos seus funcionários.
A Zona Industrial Vila Nova da Rainha-Azambuja é, nesta altura, uma das principais preocupações das autoridades, uma vez que regista cerca de 200 casos de infecção. Funcionam ali 220 empresas, com cerca de 8500 funcionários, muitos deles oriundos de concelhos envolventes como Alenquer, Vila Franca, Arruda e Cartaxo, mas também de Loures, Sintra ou mesmo Almada.
No complexo da Sonae foram, também, detectados cerca de 70 casos de infecção, num universo de cerca de 3 mil funcionários. O acesso dos trabalhadores é uma das preocupações, porque muitos utilizam o comboio, o que gera aglomerações no apeadeiro do Espadanal de Azambuja e nos percursos para as empresas.
Segundo a Câmara de Azambuja, algumas das maiores empresas ali instaladas estão a recorrer a transportes alternativos em autocarro para minimizar os riscos. A edilidade azambujense realça, também, as medidas de reforço da sinalização e de sensibilização dos passageiros nas estações ferroviárias e as acções de acompanhamento promovidas pela GNR nessas mesmas estações.
O objectivo é fazer cumprir as normas de distanciamento e de utilização de máscaras para minimizar os riscos de contágio. Por outro lado, revela o presidente da Câmara, Luís de Sousa, já está a ser feito um levantamento de toda a comunidade migrante que existe no concelho de Azambuja, com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações, procurando também concertar esforços para “a sensibilização destas comunidades para a problemática da covid-19”.
A União de Sindicatos de Lisboa reclamou, entretanto, mais e melhores transportes públicos, fornecimento de equipamentos de protecção individual adequados, fornecimento de biocidas que possam ser constantemente utilizados pelos trabalhadores para se higienizarem e reorganização de espaços e de horários de trabalho de forma a “diminuir o tempo e intensidade da exposição ao risco”.
A USL propõe, ainda, a criação e organização de equipas de intervenção “em caso de perigo grave e eminente”, a realização de exames médicos para identificar trabalhadores especialmente vulneráveis e o reforço da fiscalização por parte da Autoridade para as Condições do Trabalho.
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