Jorge Talixa
António Joaquim sai em liberdade no caso Luís Grilo
António Félix Joaquim, arguido no caso Luís Grilo juntamente com a viúva Rosa Grilo, saiu em liberdade na passada sexta-feira. O coletivo de juízes decidiu alterar a medida de coação do funcionário judicial na sequência de um requerimento apresentado pelo
advogado de defesa, que invocou a alteração da situação processual, depois do Ministério Público ter reconhecido, nas alegações finais, que não existiam provas directas, periciais ou testemunhais, que o incriminassem. O funcionário judicial de 44 anos, natural da Póvoa de Santa Iria e residente em Alverca, tem dito sempre que não
tem nada a ver com a morte do empresário e triatleta Luís Grilo. Mas o Ministério Público (MP) acusa-o de ter sido o autor do disparo mortal e sustenta que a arma do crime era sua. António Joaquim foi, assim, detido, em Setembro de 2018, no mesmo dia em que a viúva Rosa Grilo também foi detida pelos inspectores da PJ. O funcionário
judicial manteve em tribunal que não teve qualquer ligação ao crime que vitimou Luís Grilo e garantiu que desconhecia que Rosa Grilo teria levado uma das suas armas para a moradia das Cachoeiras onde foi consumado o homicídio. Nas alegações finais, o procurador da república Raúl Farias reconheceu que não foram apresentadas em
julgamento provas directas, periciais ou testemunhais, de que foi António Joaquim o autor do disparo. Mas, mesmo assim, o magistrado do MP, pediu uma condenação dos dois arguidos (Rosa Grilo e António Joaquim) a penas superiores a 20 anos pela prática, em co-autoria, de crimes de homicídio e de ocultação de cadáver. Para
sustentar esta tese, o representante do MP baseia-se em “provas indirectas”, desde logo nos depoimentos de Rosa Grilo e na convicção de que a viúva não saberia disparar a pistola e não teria condições físicas para arrastar sozinha e transportar o cadáver. Raul Farias baseia-se, igualmente, nas mais de 900 mensagens e chamadas
de telemóvel que os dois arguidos terão trocado na quinzena anterior à morte de Luís Grilo e na forma como os dois se juntaram frequentemente nas semanas em que Luís Grilo esteve desaparecido. Já na quarta-feira, Ricardo Serrano Vieira voltou a requerer a alteração da medida de coação imposta ao seu cliente e o colectivo de juízes aceitou a
petição, promovendo a saída em liberdade de António Joaquim, com a medida mais leve de termo de identidade e residência. Ricardo Vieira diz que ainda tudo pode acontecer na leitura da sentença, agendada para 10 de Janeiro, mas também admite que esta decisão do tribunal pode indiciar uma absolvição, como sempre defendeu.
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