Soluções procuram-se para a Adega de Arruda

Prestes a completar 70 anos de existência, a Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos atravessa uma das fases mais difíceis da sua história. Com a direcção cessante em gestão corrente desde o início do ano e sem listas candidatas aos órgãos sociais, a Adega Cooperativa de Arruda sobrevive fundamentalmente com o aluguer de espaços e equipamentos.

Com dificuldades acumuladas ao longo das últimas duas décadas, pagamentos demorados aos sócios que ali colocavam as suas uvas, uma concorrência apertada e um mercado nacional em quebra, a ACAV procurou, nos últimos anos, relançar a sua actividade, primeiro, e apostar noutras vias de rentabilização do seu património, depois.

Mas há cerca de um ano acentuaram-se divergências entre a direcção e a mesa da assembleia-geral. O órgão directivo alugou um dos armazéns da Adega para instalação de uma superfície comercial e desenvolveu a possibilidade de urbanização de terrenos ocupados por balões de armazenagem de vinho, com o objectivo de reduzir o passivo e pôr as contas em dia com os sócios.

A assembleia-geral, por proposta da mesa, decidiu criar uma comissão de acompanhamento da gestão que devia ser consultada nas principais decisões da direcção. Mais tarde foram pedidos esclarecimentos aprofundados à direcção por alguns actos de gestão.

Já no início deste ano, Carlos Fernandes, presidente da direcção, transmitiu aos sócios que não pretendia continuar no cargo, sobretudo pela forma como a direcção se sentia “manietada” com a necessidade de consultar permanentemente a comissão de acompanhamento.

Ao mesmo tempo, Carlos Fernandes anunciou que estava aberto um período para apresentação de listas candidatas aos órgãos sociais. Desde então, nenhuma lista se apresentou formalmente e a ACAV tem-se mantido numa situação de gestão corrente, vendendo vinhos que ainda tem em reserva e alugando espaços para armazenamento e transformação de uvas de terceiros.

Os cerca de 150 sócios, na sua generalidade, procuraram alternativas para a entrega das suas uvas. Jorge de Carvalho, presidente da mesa da assembleia-geral da Adega Cooperativa de Arruda, admite dificuldades e sublinha que, ao longo dos últimos meses, desenharam-se perspectivas de apresentação de duas listas candidatas aos órgãos sociais da ACAV, mas nenhuma confirmou formalmente essa candidatura.

Jorge de Carvalho ainda tem esperança que surja uma lista, mas reconhece que, se isso não acontecer no curto prazo, terá que convocar uma assembleia-geral para aprovação de actas e informação aos sócios sobre a situação da Cooperativa.

Segundo Jorge de Carvalho, a assembleia-geral decidiu, também, apresentar uma participação ao Ministério Público relacionada com actos de dois membros da direcção cessante.

Também a Câmara de Arruda está preocupada com a situação difícil da Adega Cooperativa. “É uma preocupação para a Câmara, que estará sempre disponível para tudo aquilo que sejam soluções para dinamizar um pólo que faz parte da história do concelho de Arruda dos Vinhos.

O Município e o seu presidente estarão sempre disponíveis para aquilo que for necessário”, garante Carlos Alves, presidente da edilidade arrudense ao Voz Ribatejana, afirmando, no entanto, que o Município vai manter algum distanciamento, porque as decisões cabem aos sócios da cooperativa.

“Estamos disponíveis para ajudar naquilo que for necessário e que for enquadrável naquilo que são os normativos urbanísticos e de licenciamento. Para além disso têm que ser os sócios a definir o futuro da Adega Cooperativa”, conclui Carlos Alves.

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