Jorge Talixa
Região tem 1 milhão para combater alterações climáticas
Os concelhos de Vila Franca de Xira e de Benavente vão beneficiar de um amplo projecto de combate à desertificação e às alterações climáticas. Liderado pela Companhia das Lezírias, o “STOPDeserTejo” envolve, também, a Câmara de Vila Franca de Xira e a Associação de Beneficiários da Lezíria Grande.
Dispõe de uma verba de 1 milhão de euros, financiada por fundos comunitários, que vai permitir desenvolver múltiplas acções na Lezíria Grande, na Charneca do Infantado (Benavente) e na parte do concelho de Vila Franca situada a Oeste do Tejo.
“STOPDeserTEJO” é o nome do projecto financiado a 100 por cento por verbas do programa comunitário de Apoio à Transição Climática (REACT-EU), que pretende “combater a desertificação através da beneficiação e restauro de ecossistemas mediterrânicos na Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo (ZPE) e em áreas de Reserva Ecológica Nacional (REN) ameaçadas por elevado risco de erosão em algumas encostas do concelho de Vila Franca de Xira”.
Está estruturado em quatro eixos principais que incluem a preservação e regeneração das áreas de montado de sobro incluídas nas propriedades da Companhia das Lezírias e o desenvolvimento de acções de reflorestação e de defesa da biodiversidade na zona do Espaço de Visitação e Observação de Aves (área da Ponta d’Erva, onde o Sorraia desagua no Tejo) e na frente ribeirinha do concelho de Vila Franca (margem direita do Tejo).
Contempla, ainda, acções de melhoria da qualidade e de uso mais eficiente da água nas áreas da Companhia das Lezírias mais vocacionadas para a agro-pastorícia e acções de sensibilização e educação para a transição climática.
António Sousa, presidente da Companhia das Lezírias, disse, ao Voz Ribatejana, que o risco de desertificação “é real” também nesta zona do sul do Ribatejo e que isso mesmo ficou evidente num ano extremamente seco como foi 2022.
Já Catarina Madaleno, directora-geral da Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, salientou que esta organização de regantes gere uma área de 14 000 hectares onde o tema da água é particularmente importante, porque as captações dependem muito do Tejo.
“É muito fácil conseguirmos ganhos na eficiência energética e temos resultados da ordem dos 50 a 60 por cento na redução de consumos. Bem mais difícil é conseguir resultados no recurso água. Ainda assim, estamos a conseguir uma poupança de cerca de 20 por cento no volume de água utilizada por comparação com o que acontecia há 10 anos”, realçou.
Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, salientou que este projecto vai incidir sobre as áreas agrícolas e naturais da margem esquerda do Tejo, “mas também na margem direita, fortemente urbanizada do nosso território.
É um projecto ambicioso e muito importante, numa altura em que as alterações climáticas são um desafio para toda a humanidade e em que é preciso que os territórios se adaptem”.
O edil vila-franquense acrescentou que este “STOPDeserTejo” contempla intervenções de restauro e beneficiação de áreas florestais das quintas municipais do Sobralinho e de Subserra e na Serra da Aguieira (Forte da Casa/Vialonga).
Abrange, igualmente, acções de restauro de habitats protegidos na zona ribeirinha do concelho e acções de sensibilização da população para as questões da transição climática.
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