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Editorial

Os maus comportamentos e as vítimas da estrada


Portugal continua a ser um dos países da Europa com maiores índices de sinistralidade rodoviária e de sinistralidade grave. Só no ano passado morreram 479 pessoas em consequência de acidentes de viação e estes números não incluem eventuais desfechos fatais para alguns dos mais de 2700 feridos graves.


A nossa região surge, novamente, no topo das mais afectadas pelo problema, com pelo menos 22 vítimas mortais de acidentes nas estradas. Os especialistas avançam muitas e diversas explicações para esta situação, desde o mau estado de muitas das estradas à antiguidade dos veículos.


Mas quase todos concordam que na base deste elevado índice de sinistralidade estão os comportamentos inadequados de muitos condutores. E aí, ao invés de evoluírmos, parece-nos que estamos cada vez mais a regredir.


Respeitar os outros e respeitar as regras parece, para muitos condutores, cada vez mais uma questão em desuso. Para muitos parece prevalecer o estranho “direito” de passar à frente dos outros ou de não respeitar as regras de passagem, numa “corrida” mais ou menos louca, que muitas vezes não tem qualquer razão de ser e noutras tantas acaba mal.


Depois de conseguirem a carta para andar na estrada (quando a têm) muitos condutores parecem ter conquistado uma “liberdade” para fazerem tudo o que lhes apeteça. E as autoridades dificilmente conseguem pôr mão nisto tudo.


São os excessos evidentes de velocidade, as ultrapassagens sem sentido, a sinalização desrespeitada, a circulação fora das regras nas rotundas e tudo o mais. Preocupante também é o comportamento de determinado tipo de utilizadores da estrada.


Muitos motociclistas parecem ter intuído a ideia de que circulando em duas rodas podem (e devem!?) ultrapassar tudo e todos. É vê-los “furar” por tudo quanto é sítio, ultrapassando pela esquerda, pela direita, pelo “meio!”, por onde der. Sempre com um objectivo, passar à frente dos outros.


Depois ainda, muitos distribuidores de comida trabalham em motociclos e muitos não querem ou não sabem respeitar as regras. A pressa é a primeira prioridade e as irregularidades sucedem-se. Mas se formos para as auto-estradas continuamos a ver verdadeiros artistas do volante a 200 e mais quilómetros por hora, pondo a sua vida em risco e as dos outros.


E nos arruamentos urbanos, nem todos os automobilistas se comportam bem, mas também há peões que abusam, circulam de olhos no telemóvel/ou de auriculares e atravessam as ruas muitas vezes sem olhar, confiando na sorte. De tudo isto se faz a nossa realidade e as consequências estão nos números que agora divulgamos. Haja civismo e responsabilidade na estrada.


Jorge Talixa


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