Manifestação contra mesquita junta perto de 200 em Samora
- Jorge Talixa
- 10 de jun.
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A manifestação contra a possível construção de uma mesquita na entrada da cidade de Samora Correia reuniu, na tarde desta terça-feira, cerca de 200 participantes. Organizada por um grupo de samorenses, que afiançou que a iniciativa não tinha ligações partidárias, a manifestação iniciou-se junto à Igreja Matriz de Samora Correia e seguiu pela Estrada Nacional 118 até ao local onde poderá vir a ser edificada uma mesquita, onde foi colocada uma faixa.
“Mesquita não, pelas Tradições e Costumes de Samora Correia” foi a frase que deu mote à iniciativa onde se ouviram palavras de ordem como “Samora sim, mesquita não”. A Associação Ahmadia do Islão em Portugal, que pretende construir a sua sede em Samora Correia, afirma, por seu turno, que uma iniciativa deste tipo “é apenas uma manifestação de preconceito”, porque “a mesquita não vai tirar as tradições e costumes, é apenas um medo sem fundamento”, sustenta.
Rúben Vicente, um dos promotores da iniciativa, agradeceu a participação de todos, reafirmando que a manifestação não tem nada de racista ou de xenófobo, mas pretende defender a identidade, as tradições e os costumes que caracterizam Samora Correia. “Penso que é importante dizermos não à mesquita, porque vai ter implicações nas nossas vidas e nas nossas tradições”, vincou no início da manifestação. O assunto voltou a ser abordado na última reunião da Câmara de Benavente.
Carlos Coutinho, presidente da Câmara de Benavente, reafirmou que disse aos representantes da Ahmadia que “não haverá condições para edificar ali uma mesquita. Estamos a falar de um edifício de grande dimensão e não há uma comunidade islâmica no concelho que o justifique. É preciso dizer às pessoas que fiquem tranquilas, porque há condições para a Câmara rejeitar este processo”, afiança Carlos Coutinho.
A Associação Ahmadia do Islão também já reagiu à realização desta manifestação, assegurando que também defende as tradições e os costumes. “Se a manifestação for pela defesa de tradições e costumes, ficamos ombro a ombro com a população, mas contra o incentivo ao ódio, racismo e xenofobia”, sublinha Fazal Ahmad, presidente da Ahmadia Portugal. “No que diz respeito às tradições e costumes, importa esclarecer que não vamos roubar as tradições e os costumes da comunidade local.
Acreditamos no respeito pelas tradições e costumes de outras nações. Dizer não à mesquita não é um argumento, é apenas uma manifestação de preconceito. A cultura de uma cidade não desaparece com a construção de uma mesquita. A mesquita não vai apagar igrejas, nem vai proibir festas populares, nem vai eliminar as tradições locais”, afiança.

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