SFRA celebra 146 anos e enfrenta restrições da pandemia
João Paulo Silva e Celestina Brito em entrevista
A Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense comemorou, no dia 6, os seus 146 anos de existência. Depois do fecho forçado pela pandemia, a colectividade de Alverca procura retomar, paulatinamente, as suas actividades,
mas ainda longe da dinâmica anterior a Março. Paralelamente, a Filarmónica Alverquense está a concluir um projecto inovador na região, com a instalação da chamada “Casa do Músico”, um espaço multifacetado de acolhimento que vai ajudar a dinamizar a zona histórica da cidade de Alverca. Em entrevista ao Voz Ribatejana,
João Paulo Silva (presidente da direcção) e Celestina Brito (tesoureira) falam das novas dificuldades geradas pela pandemia, da cautela com que a SFRA está a encarar a retoma das actividades, da necessidade de renegociar a dívida da colectividade e de novos projectos que visam, também, criar novas fontes de receita.
Voz Ribatejana – A Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense (SFRA) afirmou-se, nos últimos anos, como uma das colectividades de cultura e recreio mais dinâmicas da região. Em que medida é que tudo isso foi afectado pela pamdemia?
João Paulo Silva - O que aconteceu, assim que chegou a pandemia, foi que tivemos que fechar e, desde então, estivemos praticamente fechados. Começámos este mês (Setembro) a dar algumas aulas, mas pouca coisa. Estamos à espera de ver como é que as coisas correm nas escolas e para ver se se mantêm ou não abertas. E, a partir dessa altura, é que iremos reabrir mais.
Foi um fecho total?
João Paulo Silva - Foi fecho total.
Não equacionaram a possibilidade de fazer uma ou outra actividade pela Internet?
João Paulo Silva - Sim, tivemos algumas aulas. Não a Filarmónica em si, mas sim os professores. Achámos que não devíamos ser nós, mas alguns dos nossos professores em termos individuais deram aulas aos alunos.
Houve, também, algumas actividades online com a banda?
João Paulo Silva - Houve esse trabalho em casa. A banda, em termos de ensaios, basicamente nunca parou, mas sempre em casa, através de zoom. Esse trabalho foi feito mas, de resto, parou tudo completamente. Fechámos as portas mesmo.
Para uma colectividade habituada a fazer várias actividades semanais, o que é que isto significou, em termos de motivação dos seus responsáveis e em termos de gestão financeira de uma casa deste tipo?
João Paulo Silva - Em termos de gestão financeira foi zero. Para os encargos que a SFRA tem neste momento, que são muitos mesmo, tivemos que recorrer outra vez à banca e trabalhar. É o que temos estado a fazer. Houve os apoios que a Câmara deu e, de resto, é trabalhar com a banca. Neste momento, podemos dizer que estamos a hipotecar o futuro.
Toda aquela dinâmica que a SFRA movimentava quantos praticantes?
Largas centenas de pessoas. Na nossa casa, por dia, circulavam pelo menos 200 pessoas, praticantes de ginástica, música, zumba, cycling, body-combat, pilatos e outras modalidades.
E, depois, havia aquela lógica dos espectáculos quase semanais?
Sim, a nossa lógica era: temos uma sala de espectáculos e, aos sábados e domingos, temos que trabalhar e temos que gerar rendimento para a casa. Todos os sábados e domingos havia sempre iniciativas. Agora é aquela coisa. Chegamos lá e está vazio. Agora, ainda por cima, a nossa sala leva 460 lugares, está reduzida a 400,
neste momento. Mas só vamos poder pôr 100 pessoas a ver um espectáculo, o que não é rentável para ninguém, nem para nós, nem para os artistas. E, portanto, não temos feito. Este regresso tem sido com as actividades de ensino. A Escola de Música vai começar em Outubro. A Banda está a ensaiar, não na sua totalidade,
porque não podem estar todos juntos. Começámos, agora, com a ginástica, mas com muito pouca gente. E vamos recomeçar em Outubro com a Escola de Música. É preferível não ganhar do que estar a correr riscos. É esse o nosso lema neste momento.
Com todas estas alterações, a SFRA consegue equilibrar as suas contas?
João Paulo Silva - Quando tomámos posse, há 12 anos, conseguimos renegociar a dívida. Agora, renegociámos outra vez essa dívida. Eram inicialmente 750 mil euros e já estava reduzido a metade, estava em 350 mil, que era aquilo que faltava pagar. Renegociámos essa dívida de 350 mil euros,
mas tivemos que investir na Casa do Músico e tivemos que aumentar a dívida da SFRA, que está na casa dos 650 mil euros, mas é uma dívida controlada. A dívida da SFRA, neste momento, é à banca. Não devemos a fornecedores. Da forma que estávamos a trabalhar, era uma dívida que iríamos amortizando em pouco tempo.
Essa dívida subiu devido à compra da ‘Casa do Músico’, às obras que fizemos e aos novos projectos que anunciámos no dia 6. Também temos duas carrinhas novas, o autocarro. Temos feito investimentos.
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