Jorge Talixa
Invasão de jacintos-de-água ameaça rio Sorraia
Cerca de 80 por cento do troço do Sorraia entre Benavente e Coruche está coberto por jacintos-de-água, uma espécie invasora originária da América do Sul, que se espalha com grande facilidade e pode causar graves danos à fauna e à flora do rio. Cidadãos e autarquias da região estão preocupados e o recém-criado movimento “Juntos pelo Sorraia” reclama medidas urgentes. A tutela do ambiente diz ter um plano para combater o problema.
O problema da proliferação de jacintos não é novo na região ribatejana, mas atingiu, desta vez, uma dimensão inédita no Sorraia, sobretudo nos cerca de 40 quilómetros deste afluente do Tejo compreendidos entre Coruche e Benavente. As condições climatéricas e os baixos caudais também ajudam ao agravar do problema, que só poderá ser atenuado com operações de remoção demoradas e com custos elevados. “Outrora navegável, o Rio
Sorraia atravessa, nos nossos dias, uma situação alarmante onde cerca de 80% da sua extensão se encontra coberta por um denso tapete de jacinto de água, planta infestante oriunda da bacia amazónica, que tem a particularidade de se reproduzir e replicar muito rapidamente, podendo duplicar a sua população em apenas 5 dias”, sublinha Sandra Alcobia, bióloga ligada à Companhia das Lezírias, que aderiu ao movimento “Juntos pelo
Sorraia”. Já José Miguel Pastoria, professor de educação física, que foi um dos dinamizadores do movimento, avisa que, se não forem tomadas medidas, esta invasão de jacintos vai matar a fauna e a flora do Sorraia. “A densidade da planta é tal, que só com uma intervenção humana musculada poderá tornar-se possível removê-la”, refere. Também os presidentes das câmaras de Benavente e de Coruche se mostram preocupados com o
problema e enviaram uma exposição conjunta ao Ministério do Ambiente. A Agência Portuguesa do Ambiente disse, por seu turno, ao Voz Ribatejana, que já foi elaborado um plano de acção para controlo e remoção dos jacintos-de-água no Sorraia, que inclui medidas de curto e de médio prazo. Segundo a APA, estão já a decorrer algumas acções de remoção na área do concelho de Benavente, numa parceria entre a Câmara e a Administração
da rede Hidrográfica, visando a limpeza do troço que atravessa a vila benaventense. Nas zonas a jusante, sujeitas a marés provenientes do estuário do Tejo, a estratégia passa por soltar os jacintos, para que sejam arrastados pelas águas e mortos em zonas de maior grau de salinidade. Deverão ser, também, identificados locais para armazenamento temporário da matéria vegetal recolhida, para garantir a sua secagem e deslocação para destinos
finais. Ao mesmo tempo, o plano de controlo dos jacintos-de-água no Sorraia contempla a colocação de barreiras que impeçam a dispersão da infestante e a extração mecânica da planta com recurso a retroescavadora, com o apoio de embarcações. Em zonas onde esta opção se revele impraticável e onde a ceifeira de água também não possa actuar, estão igualmente previstas operações de remoção manual da planta.
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