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  • Foto do escritorJorge Talixa

Primeiro julgamento da legionella já começou em Vila Franca


O julgamento da primeira acção cível apresentada no âmbito do caso do surto de legionella de 2014 começou, esta semana, em Vila Franca de Xira. Leonel Ferreira, de 68 anos, reclama uma indemnização de 200 mil euros por danos morais e patrimoniais. Helena Gravato, inspectora da Judiciária que liderou a investigação, não tem dúvidas que a origem do surto está nas “falhas” do processo de manutenção de uma torre de refrigeração de uma indústria

local. As dúvidas geradas pela forma como foram recolhidas as primeiras amostras de água para análise marcaram, também, o início do julgamento, que decorre no Tribunal Cível de Vila Franca de Xira. No banco dos réus está a ADP-Fertilizantes, empresa onde as autoridades detectaram uma estirpe da legionella idêntica à que infectou pelo menos 73 das 403 vítimas do surto, entre as quais Leonel Ferreira, de 68 anos.

Na primeira sessão, Helena Gravato mostrou-se convicta de que “falhas” no processo de retoma do funcionamento de uma das torres de refrigeração da ADP terão estado na origem da “disseminação” desta estirpe ST1905. Mas ressaltaram também dúvidas sobre a forma como técnicos da Administração Regional de Saúde (ARS) fizeram as primeiras recolhas de amostras nesta empresa, usando garrafões de água comuns.

“Chegámos à conclusão que havia a presença de uma bactéria, a estirpe ST1905, numa das torres da ADP e que foi essa mesma estirpe que foi encontrada em alguns doentes, em doentes que sobreviveram e em alguns que acabaram por morrer”, vincou a inspectora, frisando que também foram encontradas bactérias da legionella em espaços comerciais da região, mas que estes não têm estruturas (torres ou outras) que permitissem esta

disseminação tão alargada. “Foram identificadas também em empresas, num centro comercial e nalguns cafés da região. A questão aqui é que foram identificadas bactérias da legionella de serogrupo 2, que não provocam este tipo de doenças, não provocam pneumonias”, esclareceu. Esta torre de refrigeração da ADP foi desligada para manutenção a 14 de Outubro de 2014 e retomou o funcionamento sete dias depois.

Helena Gravato diz que esse foi o “momento crucial” porque “no período de paragem e de rearranque da torre não foram feitos os procedimentos normais, de acordo com as boas práticas indicadas. Não foi feito o tratamento (químico) da água antes do rearranque, que era suposto ser feito”, afirmou em tribunal.

Saiba mais na edição impressa de 19 de Setembro do Voz Ribatejana

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