Reorganização do cemitério dá polémica em Vila Franca
A Câmara de Vila Franca de Xira está a desenvolver um plano de intervenções no cemitério da sede de concelho e decidiu dar um prazo de 60 dias para que os titulares de 322 campas e jazigos em “presumível estado de abandono” se manifestem junto dos serviços municipais. A forma como a medida foi implementada gerou controvérsia e a edilidade acabou por “minimizar” o impacto das placas colocadas nas sepulturas em causa. Se os titulares não se manifestarem até final de Setembro, a Câmara poderá tomar posse destes espaços.
A edilidade já desenvolveu, também, trabalhos de requalificação da capela e das casas mortuárias do cemitério vila-franquense, mas admite que há ainda vários problemas para resolver, o mais grave dos quais relacionado com os muros de suporte do cemitério, que data já do século XIX e tem mais de 1700 sepulturas. As estimativas dos serviços municipais apontam para a necessidade de gastar ali alguns milhões de euros, que o presidente da Câmara, Alberto Mesquita, promete investir de forma faseada.
A forma como a Câmara identificou, no início de Agosto, 322 campas e jazigos do cemitério da sede de concelho, indicando que estariam em situação de “abandono” ou de “presumível abandono” gerou, todavia, reclamações de familiares e proprietários de algumas das sepulturas em causa. A questão foi, também, colocada na última sessão camarária pelos vereadores Vítor Cartaxo (CDU) e Carlos Patrão (Bloco de Esquerda). O eleito da CDU quis saber se o executivo camarário já fez alguma coisa para “alterar a situação com algum bom senso”.
Já Carlos Patrão explicou que também lhe chegaram “algumas manifestações de indignação por causa da questão das placas de abandono”. O eleito do BE pediu esclarecimentos ao executivo camarário sobre a “ideia” que conduziu à colocação daquelas placas, “tendo em conta que existe um processo administrativo em curso para resolver esta questão”. Alberto Mesquita observou que a Câmara tem vindo a fazer “um investimento bastante avultado” no cemitério de Vila Franca, “na medida em que necessita” de várias intervenções. “Ainda falta fazer
muita coisa e estamos a falar de investimentos muito avultados, só na contenção dos muros, que estão com problemas há muitas décadas que têm que ser resolvidos. São coisas muito complexas, mas tem que se fazer, para além de muitas coisas que já resolvemos, com melhorias nas casas mortuárias e na própria capela”, vincou. “Também nos chegou a informação de que algumas pessoas ficaram indignadas pela forma como nos referimos que estavam abandonados. Provavelmente deveríamos ter logo colocado informação mais adequada, foi o que
fizemos entretanto”, afiançou o edil, admitindo que estas questões “são muito sensíveis”. “A nossa intenção é fazer com que as pessoas tratem daquilo que é seu. Se não tratarem, tem que ser a Câmara a tratar. Há jazigos, de acordo com a análise técnica, em perigo de ruir. Vão as pessoas a passar e, de um momento para o outro, o jazigo pode cair e nessa altura já não haverá nada a fazer”, alertou Alberto Mesquita.
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